terça-feira, 2 de agosto de 2011

Noite Passada

   Vestiu minhas roupas, usou minha camisa como pijama, ajeitou os cabelos, deixando escapar algumas mechas e apenas meias nos pés frios. Já eram dez para as seis da tarde e as torradas ainda não tinham ficado perfeitas pra que eu pudesse acordá-la.
   Era um prazer vê-la dormindo e tê-la em meus braços novamente depois de meses sem nos falarmos. As causas disso, prefiro eu, esquecer, em breve retorno a falar, não tão breve. Finalmente consegui tostar as torradas e deixar a receita do capuccino forte. Ela sempre diz “mais café do que tudo, cafeína não vicia!”    
   É impressionante como acordava tão bela, os anos não foram gentis com sua face, mas nem os traços de idade me incomodavam mais, nem cada traço do teu corpo ferido. Com a voz já rouca, ela insistia em agradecer pela noite e por cada mordida na torrada que dava, enquanto puxava outros assuntos.
   Seria perfeito se estivéssemos sãos, se as torradas não fossem pães queimados e o cappucino um café gelado. Se seus cabelos desajeitados realmente existissem e se minhas roupas nela coubessem. Mas era ela linda, isso sem dúvidas, mesmo com a vista ainda embaçada tentando acordar e me recordar de como fomos parar naquele motel na beira da estrada. Desisto!


#NP Vanguart - Enquanto Isso na Lanchonete