quinta-feira, 19 de maio de 2011

Entre Uma Vida e Outra

     Há agora um semblante dessemelhante no meio da praça. A garota perdida em si, procura respostas por rumos diferentes.  
    A criança está escondida com um personagem, não vive e não sente. Tal refúgio considerável, uma vez que encobre sua fragilidade. Rebeldia ganhou estadia perpétua, fez as mais belas cicatrizes no teu corpo.Onde deveria ter sangue jorrando, tem bebida destilada e fumaça de cigarro. Não tem dor, nem jogo sorte e revés, ela só tem medo da morte. 
    E ali, entre o banco e a árvore, entre o palco da cidade e a igreja, entre um gole e outro, ela percebia olhares e recebia trocados. Ganhou prato de comida e cuspida no rosto. Seu cabelo arrepiado com as claras de ovo não foi bem recebido, seus piercings e tatuagens espantaram o povo recatado da cidade que escolheu pra passar a noite.
    Soube a menina conter seu vazio e disfarçar os momentos de pânico, um pedido falho para que ouça, tudo aquilo que ela não disse. “Não acreditem nessas mil máscaras”. As pessoas eram tão árduas quanto à pequena mulher.
    Acordou com água benta, exortações em nome do Pai e sinal repetitivos de cruz. Foi-se esvaindo, sem muitas certezas de por que carregava tantos amuletos na mochila, ainda sem suas meras respostas. Despediu-se da praça sem pressa de ir embora da pequena cidade que a rejeitou. 
    A música que ouvia, não saia do replay, ela repetia “14 years that are gone forever”, ao som de Guns N’ Roses.